Em outubro de 2014, aos 47 anos, casada,
com duas filhas de 13 e 15 anos descobri através do autoexame um nódulo na mama
esquerda, o qual posteriormente foi confirmado a malignidade. Em seguida, tudo
mudou. Ainda me lembro da manhã, quando me dei conta de que havia alguns sinais
mostrando algo "anormal" na minha rotina. Após o diagnóstico, sentia
umas agulhadas leves exatamente no local do nódulo, o qual era palpável. Eu
nunca tinha notado nada disso, devido a densidade da mama, mas lá estava ele.
Da primeira consulta até a data da
cirurgia, o período transcorrido foi quase um mês. Eu queria me livrar daquele
invasor, eu passei a senti-lo como se tivesse vida própria, pulsação e tudo
mais. Eu me lembro de sentir um ligeiro pânico
enquanto minha mente considerava algumas possibilidades, mas estes momentos
foram raros. Preferi dar agilidade ao tratamento, fiz muitos exames, e comecei
a preparar as armas para a batalha que viria.
Afinal de contas, não havia casos de
câncer em minha família. No inicio ficava me indagando: Por que? Os motivos prováveis: obesidade, sedentarismo,
alimentação errônea, estresse, gravidez aos 32 anos, enfim, não bebo, não fumo,
e tento levar uma vida mais saudável possível.
Em novembro fui operada, foi retirado o
nódulo através da quadrantectomia com a preservação da mama, e o esvaziamento axilar
(linfadenectomia) foi realizado, pois através do resultado positivo do exame do
linfonodo sentinela foi necessário o esvaziamento axilar.
A recuperação não foi fácil, senti
muitas dores e o incômodo do dreno, chamado de cachorrinho, este privava os
movimentos. Eu resolvi escondê-lo em uma bolsinha, pois não conseguia ficar olhando
para aquilo. Minhas irmãs Marcela e Silvia foram as enfermeiras mais amorosas
do mundo. Minha mãe, minha eterna companheira, não tinha nervos para fazer os
curativos, assim como, meu marido e filhas, não conseguiam nem olhar.
A recuperação foi mais rápida do que
imaginara. Em dezembro, fui liberada para viajar, sem cometer excessos e sem
banhos de mar. A viagem havia sido planejada desde abril 2014, eram familiares
e amigos, e quando decidi ficar, todos concordaram em ficar também, fiquei
muito emocionada com tal decisão, mas também senti que estava bem e que poderia
participar. Foi maravilhoso entrar o ano
de frente para o mar. Agradeço o carinho de todos. Este recomeço, de bem com a vida, foi
importantíssimo. Minha amiga Amanda e sua família deram total apoio e foram férias
maravilhosas.
Em janeiro, com o resultado da biopsia atestando
o câncer de mama triplo negativo e com dois linfonodos afetados. Em seguida
veio a parte que eu mais temia: a quimioterapia. Em agosto 2015 terminou o
tratamento quimioterápico e iniciou a radioterapia até setembro. Os tratamentos
foram realizados dentro das expectativas medicas, sem intercorrências.
A imunidade baixou, a fraqueza veio, as
pernas fraquejaram, as mãos e os pés adormeceram, o cabelo e o restante dos
pelos do corpo (até os cílios) caíram, enfim, como dizem os jovens foi “hard”. Mas lembrei de que desde o
primeiro momento, roguei a Deus proteção, tranquilidade e muita força e fui
ouvida. Para aqueles que me conhecem sabem que não sou de ir à igreja, mas minha
fé foi minha fortaleza. Em dezembro realizarei os exames para verificação. A vida
segue...